Calor. Noite abafada. O barulho de vozes comemorando não sei o que invadem as orelhas de vez em quando. O corpo está suado. Cansado. Molhado. O mundo é tão grande e ele ali, preso como um passarinho que não sabe mais voar. Tem a chave da porta, a gasolina no carro, o dinheiro contado, mas necessário. A noite mal começou. Sente seu corpo totalmente desperto, com vontades. Não ganas. Com desejos e lembranças, com pensamentos libidinosos que como flashes ofuscam seu bom senso. Vontade de partir, de sumir. Mentira. Vontade de amar, de fazer sexo gostoso, com o mesmo calor da noite abafada. Na borda da banheira, segurando forte. Sexo pra ele nunca foi brincadeira. Podia se aproximar por um olhar, por um modo de segurar o copo, pelo sorriso, e claro, também pelo corpo. Mas se o papo fosse bom, o resto prometia. Literalmente. O suor escorria pelas costas. Nenhuma brisa, só a noite cada vez mais modorrenta. Não queria uma aventura. Só se fosse com uma pessoa muito, muito interessante. Que não falasse sempre das mesmas coisas que os jornais, revistas e TV estampam por aí, que suspirasse com coisas simples, gostasse de água, de Sol, de terra, de bichos, de mar. Não queria companhia, queria proximidade. Não efusividade, cumplicidade. Nada pra sempre, mas o necessário para que se sentisse apenas vivo. Não queria saber a história toda, só aquela que começasse no exato instante que os olhos se encontrassem. Nem sempre histórias levam tempo para serem construídas. Quantas vezes não viveu ou envelheceu dez anos em um segundo? Não queria mais alguém na multidão. Muito ao contrário. Queria a simplicidade de ser livre.Por dentro.
12 comentários:
Porta aberta, livro aberto. Gostei mesmo. =)
olá.
nossa, essa sua porta aberta está mandando palavras lindas heim...
gostei mesmo.
parabéns, você escreve com o coração.
sorte e luz, porque enquanto você escreve, o mundo responde.
São não entendi o modorrenta... Menina, você tirou isso de onde??? ;)
Tá bacana o texto... O pior jeito de se sentir preso é esse: sabendo que a porta está aberta mas não ter condições de voar.
"Quantas vezes não viveu ou envelheceu dez anos em um segundo?"
Minha querida amiga, ler isso me deu um frio na barriga...
Nossa, que sentido enorme faz isso, até assusta.
Bj
Belo texto!!!
Saudades!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!:)
Carla,
Que belo texto!
Original e sem a tradicional culpa católica que abate os textos femininos quando falam de sexo. Tô instigado!Vc deveria continuar essa história. Foi rápido e prazeiroso quanto a cúmplicidade e proximidade que o personagem procura.
Parabéns
By the way... Quando vc tiver um tempinho, passe lá no Spleen rosa-chumbo, que está devidamente atualizado e falando sobre colocar a culpa no vinho...
Grande abraço
É duro se sentir só, sem perpectiva...a procura de algo...
É duro...
Abraços
Oi baby,
Tô absolutamente feliz que vc pense em linkar meu blog em seu espaço.
Muito obrigado.
E o texto, não vai continuar?
Tô curioso.
O texto, o tom,o desejo, na medida certa. Parabnes.
bjus
Belo texto, Carla!
Parabéns.
Beijoca
Muito bom o seu texto!
Desejo de algo mais que não seja apenas um encontro ...modorrento...
Não é assim tão facil de achar, não é mesmo?
Beijos de luz e o meu carinho!!!
Toc Toc tem alguem em casa??
ei abandona seus leitores assim é dona?
Bj e saudades do seus textos e sorriso!
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