sexta-feira, 27 de março de 2009

MAR AFORA

Vazio. Essa era a sensação. Um enorme buraco no peito, tão grande que a falta de ar denunciava a devastação. O vento após ter feito a curva no universo vinha trazendo cheiros, lembranças. O pensamento divagava. Sons guardados só em seu coração chegavam a seus ouvidos, inaudíveis para o resto do mundo. Uma mistura do barulho do mar com as tempestades no deserto. Queria que chovesse. Adorava ver os raios, as nuvens negras se aglomerando, uma a uma, até que a chuva caia, soberana. Lembrou dos tempos de infância quando tomava banho de chuva no meio da rua, livre, correndo com outras crianças. Por um momento seus olhos se encheram de água e quiseram voltar a esse passado tão inocente. Agora a chuva serviria para lavar seu corpo, sua alma, quisera que lavasse também todas as lembranças. Após esse banho, queria abrir novamente os olhos e se deparar com um dia claro, desses que amanhecem cedinho, em alto mar. Um frescor da brisa em seus cabelos e o Sol aquecendo sua pele aos poucos. Na verdade sonhava com tudo isso. Por dentro sentia um frio glacial, uma ferida mortal, que insistia ainda em sangrar no vazio. Sabia que não era a única pessoa a sofrer, mas cada dor é única. E ali, naquele momento, sua dor era a maior do mundo. Olhou pela janela. E ela estava ali, aberta.

3 comentários:

Cris Medeiros disse...

Lindo texto! Muito a ver com meu momento!

Beijocas

Cris Animal disse...

Oi Carla!
A vida é movimento. E fazemos parte desse movimento. Tempestades, frios, sol radiantes, noites solitárias...tudo está em movimento. Tudo, tudo passa.
As dores estão em movimento e passam com a chuva, com os raios nda tempesatde, com o sol que brilha.
Depois que a dor passa olhamos e percebemos: aprendemos mais sobre essa movimentação....quem sabe, crescemos....rs
Beijo enorme pra vc
................Cris Animal

anderson.head disse...

nossa, que bonito! comentei em um blog hoje que não gosto de dormir, fora do horário que é preciso. justamente para não perder esse movimento que é a vida. Não perder a chegada da dor e muito menos sua ida. interagir com cada coisa que acontece no dia-a-dia.

abraço.

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