Ganhei um selinho da minha amiga blogueira Gabitus com a tarefa de escrever sobre algo que quando criança eu achava que era bacana, mas que, quando cresci, percebi que não era tanto assim...
Muitas situações me vem à cabeça... Uma delas é a questão da morte. Quando somos crianças ouvimos muitas histórias quando alguém morre: virou uma estrelinha, foi morar com Papai do Céu, coisas assim. Só que crescemos e temos que aprender a viver, para con-(?)viver com a morte , que faz parte da história de todos nós e é nossa única certeza.
Quando perdemos alguém muito próximo, ficamos por algum tempo alheios à realidade. Lembro que logo que perdi meu pai, sempre que ia a uma livraria e via um livro interessante, que julgava que ele fosse gostar, pegava o livro e me encaminhava para o caixa. Muitas vezes só no ato de abrir a bolsa para pegar a carteira é que me dava conta de que não poderíamos mais discutir juntos a leitura... Percebi que ele pode ter virado uma estrela sim, com certeza está pertinho do Papai do Céu, mas quando criança ninguém me explicou que a saudade aumenta à medida que os anos passam... E o amor que sinto, ah, esse não mudou nada, só aumentou.
Ninguém me contou também que quando perdemos nossos pais, nos lembramos ainda mais de muitas e muitas palavras que eles um dia nos disseram e que na época, ignoramos. Tento resgatar esse tipo de situação estando mais atenta em ouvir não só minha mãe, mas todas as pessoas mais velhas que eu.
Quando criança eu tinha uma tia de quem gostava muito. Ela era famosa na família por ser uma exímia doceira. Até hoje, doces “quase iguais” aos dela só comi em lugares de altíssimo nível! Ela não tinha filhos e tratava a mim e meus primos como pessoas super importantes. Era uma festa ir visitá-la e encontrar uma mesa posta, repleta de iguarias dos mais diversos tipos, cores e sabores. Os anos passaram, ela morava em outra cidade e as atribulações da vida nos afastaram. Fui reencontrá-la décadas depois, em outro país, na casa de outra tia minha. Qual não foi minha surpresa ao perceber que ela é uma pessoa extremamente fofoqueira e negativa? Fiquei estarrecida ao ouvir meia hora de papo!
Talvez por isso faça doces tão bons! Um pouco de açúcar à sua volta de fato, não faz mal algum...
O fato é que crescemos e a vida é como o rio: um dia ele deságua no mar, não tem como voltar atrás. Que possamos todos guardar com alegria num pedaço do coração os momentos bons que tivemos quando crianças!
12 comentários:
Quando criança achava a época do natal e papai noel super legal, hoje já nem tanto, percebi que é tudo comércio e eu sou o papai noel...ehehe
Abraços
Oi Carla!
Você não imagina como seu texto me emocionou.
Fiquei pensando aqui, com os meus botões, o que de fato parecia legal quando eu era criança e que hoje já não é mais.
A questão da morte talvez seja uma, assim como pessoas mais velhas que me pareciam tão bacanas são, na verdade, medíocres.
Ah! mas tem uma coisa que é ao contrário: eu achava "um saco" ter família certinha - pai, mãe dona de casa, irmão mais novo, lar fomado, milhões de regras, manias, imposições, etc.
Hoje, que sou sozinha com o Lucca, vejo como essas coisas eram importantes. Hoje uma família certinha (ou só uma família) me faz muita falta.
BJs e saudades,
Andréa
Vc sempre escreve de um jeito legal sobre temas legais!
Fiquei pensando no assunto do post e acho que quando eu era criança achava a vida um lugar aconchegante e simples, quando entrei na adolescência meu choque com a realidade foi tamanho que eu pirei total... Acho que tudo que acreditava ser bom na infância virou em ruim na vida adulta... É meio radical, mas pra mim foi assim...
Beijocas
Oi minha preciosíssima e tão querida nova amiga!!
Carla, este post veio de encontro a uma série de pensamentos e fatos que eu tenho vivido, sentido na pele... Perdas diversas, angústias, medos inclusive e a incerteza diante do minuto seguinte...
Na verdade a minha vida sempre foi assim, mas em algum momento eu devo ter atravessado um destes inúmeros portais da vida, que nos levam e elevam em estado e consciência para novos momentos e percepções.
Acho que a situação toda descrita no seu post pode ser comparada àquele lugar enorme que a gente brincava quando era criança, na antiga casa onde moramos... durante muito tempo, depois que viramos adultas e adultos lembramos daquele local como um hangar gigantesco, onde caberiam apenas os maiores aviões de nossos vôos infantís! No entanto, se algum dia tivermos a chance de retornar àquele local, veremos que não era fisicamente tão grande. Muito pelo contrário, ele nos parecerá minúsculo, pequeno e apertado. A tomada da consciência sobre quem somos, o que vivemos e para que estamos por aqui um dia chega.
Mtos percebem isso de forma amarga ao longo dos acontecimentos, outros recebem com alegria, aprendem em paz ou com pequenos tropeços... mas em geral, as pessoas nem se preocupam com isso, caindo facilmente para o mundo de lamentações, o esquecimento das alegrias e a ampliação de dramas pessoais. O ser humano ainda tem o péssimo hábito de não reparar no tamanho e na beleza do viver!
Xô amarguras! Xô medos!!! E que venham sempre maiores e melhores alegrias pros nossos álbuns de memórias!
Carla.. gosto demais de te ler!!! Beijoquinhas do seu amigo menor!
Precisei voltar!
Que comentário maravilhoso e cheio de energias boas, alegria de viver... que coisa bonita poder conhecer e manter contato com pessoas de tanto brilho interior Carla!
E puxa, acredito que se tivesse que escrever um post como o seu, sobre uma reminiscência, daquelas que a gente lembra com felicidade e depois vê que não era tão bacana assim... sinto que seria difícil. Acho que td em geral, na vida foi legal e valeu demais à pena. E se mudou, mudei eu e o mundo tb! Faz parte! Um beijo gigante minha amiga maior... mta alegria e um belo final de sábado! =) Obrigado pela amizade!!
Nossa, que lindo, Carla!!!
Não enfrentei muitas mortes quando criança, a maior parte delas já foi em fase adulta, e muito dolorosas... e você tem razão! A saudade e o amor aumentam com o tempo!!
Fico feliz que um selinho tenha se tornado um texto (ou melhor, uma reflexão) tão bacana sobre a vida!!
Creio que devemos guardar não só os bons momentos da infência, mas de cada dia em nossos corações!!
Te mais um selinho pra você! (Me empolguei, com seus textos ótimos!)
Beijos!!
Adorei este seu relato, Carla.
Como, a medida que o tempo passa, algumas pessoas conseguem mudar da água pro vinho?
Ou será que a gente é que não percebia os sinais que elas mandavam?
Não sei se fui e sou "naive" ou se alguns têm a capacidade de dissimular.
Ou se, depois de um tempo, mudam mesmo (pra pior...).
bjnhs
Carlinha, vc SEMPRE me comove. O que é isso? Perseguição pra me ver chorar?......rs
Post perfeito.
Há tanta de vc aqui que só uma alma inerte não perceberia o afeto que vc carrega em cada palavra, esse sentimento que escorre em cada lembrança que vai dividindo com a gente.
Saudade.....ahhhhh, saudade !
Que sejam abençoadas nossas saudades, nossas faltas,a ausência de quem foi e deixou um amor imenso como companhia.
Sinto essas companhias também e te confesso: são lindas e vitais para que eu acredite na eternidade.
beijo grande e cheio de carinho.
Oi, Carla, tudo bem, querida?
Passei só para dar uma lô (você atarefada com o casamento e eu com as provas...)
bjnhs
Oi Carla, passei pra te deixar um beijo e desejar uma boa semana!
Saudade!! Bjos
Querida, ADOREI o painel de fotos no título do blog!
Ficou lindo, parabéns!
bjnhs
carla, que coisa genial você escreveu aqui.
Você conseguiu aproveitar o gancho do selo e falar coisa belíssimas que muito pouca gente se dá conta, mesmo após a morte do ente querido.
Fique sabendo que uma pessoa de alma bela como a sua nunca pode ter sido diferente. E seu pai de muito longe te admira e te manda forças para vencer e melhorar a cada dia.
besos e um ótimo final de semana!
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