Nos últimos tempos tenho viajado bastante, o que também explica em parte meus poucos posts. Os lugares tem sido dos mais variados, mas nenhum completamente urbano. Sendo assim, tenho estado em contato maior com a natureza.
Alguns desses lugares estão me recebendo mais uma vez, após alguns ou muitos anos de ausência. Lugares completamente inabitados, outros com nativos locais. Tenho percebido que em muitos, os habitantes tentam se enquadrar de acordo com o que nós, que moramos na metrópole, estamos acostumados.
O reflexo disso é que não encontrei mais o suco de determinadas frutas nativas, pois toda a colheita tem sido exportada ou, transformada em polpa - explicam que os brasileiros não gostam muito de frutas exóticas... Ou porque nós, gente urbana, gosta mais de "caipirinhas de limão" do que cajá, ariticum,etc.
Ok, gosto não se discute, mas o que merece atenção é que parte da cultura de um povo está se perdendo. Grandes hotéis podem providenciar a fruta que você quiser, mas os preços também acompanharão o esforço.
Navegando de barco numa represa recentemente, pude observar pessoas sem condições de lazer aproveitando o Sol, a água, a sombra das árvores. Tudo estaria bem, se não fosse a presença dos pacotes de salgadinhos, das garrafas pet abandonadas, das fogueiras mal apagadas depois daquele churrasquinho no meio da mata.
Em outro momento, em pleno mar, após o biólogo que nos acompanhava advertir a todos para não dar qualquer tipo de alimento aos peixes e tartarugas, com todas as explicações possíveis, vi famílias inteiras dando batatas Ruffles, entre outros, para a fauna local. Se criança gosta disso, imagine os peixes que nunca provaram!!!
Antigamente podíamos alegar falta de informação, hoje não. E esse descaso vem junto com o individualismo da maioria das pessoas. Ele aparece nas relações amorosas, empresariais, de amizade... Tudo vai muito bem até a página dois; se alguém tiver que "botar a mão no bolso" para dividir uma conta ou apoiar uma causa, "passe bem, muito obrigado!" "Ema, ema, ema, cada um com seus problemas", é o hit do momento.
Quando viajo sempre volto com a sensação de que conheci mais um lugar (ou retornei) inesquecível, que ficará para sempre no meu coração. Gosto de conhecer as pessoas, andar entre elas, tirar muitas fotos, aprender determinadas culturas, receitas, provar comidas, bebidas, e tudo o mais que puder daquela região.
O que me deixa triste mesmo, não é ter que voltar para minha cidade. É voltar com a sensação de que numa próxima, talvez eu tenha aquelas paisagens, pessoas, momentos, apenas nas fotos e no coração, pois muitas correm o risco de simplesmente deixarem de existir.
4 comentários:
Carla,
me deixa revoltada o fato de que pagamos caríssimo pra sair do país e ver pessoas andando de bicicleta na França e achamos lindo, ou ver os italianos comendo bem (coisas locais e bem tratadas) e adoramos, mas não conseguimos valorizar esses detalhes em nosso país!
Estamos perdendo nossa cultura sim, e a culpa é nossa por aceitar uma cultura globalizada que não se encaixa em nosso país, em nossa temperatura ambiental, em nossos corpos.
Pegamos emprestado coisas "importadas" que passam no filme e parecem legal, e não notamos quantas coisas bacanas temos por aqui!!
Beijos revoltados!
é natural que culturas se misturem. Acho que isso acontece desde sempre, só que antes o ritmo era beeeeeem mais lento.
A tendência a polaridades culturais também me incomoda. Mas acho meio utópico ser diferente.
Oiee Carla!Que saudade de vc minha amiga TODA maior e preciosa!
Bonito demais o texto, e absolutamente reflexivo. Sempre que pude viajar mto, e fiz isso por bastante tempo por conta de trabalho, acabava conhecendo mtos lugarees, pessoas, coisas... vivendo e vivenciando situações, emoções.. no contato com outas emoções, pessoas e coisas... com certeza cada minuto fora de casa me fez somar muito ao meu próprio ser. Acho que a gente cresce com isso, ainda mais se pudermos observar bem os detalhes, sentir os cheiros, ver os sorrisos e as peculiaridades de cada viista!
Bonito demais isso... e o teu texto mais uma vez vai me fazer ficar pensando na vida!
Beijinho... se cuida!
Oi, Carla, vc voltou!
Que bom!
E de cara com este post sensacional!
Adorei a comparação do paladar dos peixinhos com o das crianças e, fiquei com água na boca, porque eu não estoco "junk food", mas adoro!
Falando sério, hoje, como vc bem disse, quem pode alegar desinformação?
Alimentar os bichos com essas bobagens é um crime, né?
Espero que a sua viagem tenha sido maravilhosa.
bjnhs
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