quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TRABALHO É DIFERENTE DE EMPREGO

Sou de um tempo que trabalho era diferente de emprego. Você levantava da cama de manhã (ou no meio da tarde, se o trabalho escolhido fosse a noite) e após as preparações matinais (ou vespertinas) ia para o trabalho feliz, afinal bem ou mal, você estaria garantindo sua independência também financeira. Falo também porque quando somos mulheres, tudo soa um pouco mais complexo. Embora lutemos por isso quase todos os dias, não são todos, homens e mulheres que vêem com bons olhos uma mulher independente. E em todos os sentidos, não apenas o do capital. Bem, nesse tempo que me refiro, e olhem, não sou tão velha assim, eu não discutia com patrão. Ordem era ordem, a não ser que ele me desse alguma que ferisse meus valores ou ultrajasse a minha honra. Mas eu não discutia ordens. Eu era a subordinada e cumprir ordens fazia parte do trato. Horário era sagrado. Não tinha essa de entrar as oito e sair só Deus sabe quando. E isso era regra, tanto quando o trabalho era diurno ou não. Sim, trabalhei durante muitas madrugadas, noites chuvosas, dias ensolarados, na praia, na neve e onde mais minha inspiração e talento me levassem. Sem reclamar dos pés inchados, das noites (dias) mal dormidos, das olheiras com vinte e poucos anos e uma filha pequena, da jornada dobrada fora e dentro de casa. Não dava desculpas furadas quando não estava a fim de trabalhar. Simplesmente encarava a realidade, pegava o telefone e dizia com todas as letras: "Não estou bem hoje e não vou." - Sem mentiras, sem subterfúgios. Nunca fui e NUNCA serei puxa-saco,de quem quer que seja, muito menos de patrão. Por enquanto vivo o outro lado: sou patroa e isso me fez uma observadora ferrenha de conquistas baratas. Percebo de longe e não gosto nem um pouco. Puxa saco pra mim tem o mesmo significado de incapacidade. Não trabalho apenas para ganhar dinheiro. Trabalho porque gosto, porque ESCOLHI minha atual profissão, porque me sinto bem e todos os dias aprendo alguma coisa diferente. O diferente sempre me fascinou. E fascina. Conheço pessoas, lugares, sentimentos. Me apaixono e me revolto. Fico indignada e orgulhosa. Aprendo a dominar meus próprios sentimentos. E como é difícil perceber todos os dias que ninguém é de ninguém e que não temos poder sobre o tempo, sobre o outro?! Abomino pessoas que cospem no prato que comem todos os dias. Que trabalham há vinte anos no mesmo lugar e reclamam que lá é uma merda. Desprezo aqueles que querem levar "vantagem em tudo", se julgando espertos ao enganar os semelhantes em seu único e próprio benefício. Sinto pena daqueles que ao agirem assim, pensam que chegarão a algum lugar, além da própria mediocridade. Não chegarão a lugar algum. Não serão gente nunca, apenas pobres projetos. E por esses, só me resta além da paciência, minha velha e eterna companheira, uma oração. Nada além disso posso fazer.O resto é com eles.

6 comentários:

:: Nanda :: disse...

Olá Carla,

Sabe, eu adoro o lugar que eu trabalho..mas aqui tem muita gente que trabalha há 10 anos e reclama que não gosta.
Todo dia eu penso: "se não gosta, vai embora"
Afinal: os incomodados que se retirem, certo?

bom fim de semana
beijos

:: Nanda :: disse...

Oi Carla,

Muito bom seu texto.
Eu trabalho em um lugar ótimo mas tem muitas pessoas que trabalham aqui há 10 anos e reclamam.
Eu odeio ouvir e sempre saio de perto, afinal, se não gosta está fazendo o que aqui???
As pessoas nunca estão satisfeitas e não fazem nada pra mudar!

Bom fim de semana
beijos

ML disse...

Eu tb, Carla, nunca consegui ser "puxa saco".
Acho até útil quem consegue, mas mesmo que eu quisesse performar não ia dar certo.
Minha irmã diz que eu "falo com os olhos" e quando não gosto de alguma coisa eles ficam "enormes" inconscientemente.
Mas, no Brasil, terra do jeitinho, do jogo de cintura, da maladragem, etc, poucas são as pessoas que reparam em quem as trata bem por interesse próprio. Acho até que se reparam, deixam rolar, por conta do "afago no ego".
E não é só no trabalho, não. É na vida tb.
Agora que voltei a estudar, o que vejo de aluno - incompetente - puxando o saco dos professores é brincadeira.
E as mulheres usam um ardil mais "sujo": seduzem o quanto podem os professores homens.
E os caras babam, que "b*b*c*s"!
Bom, depois do desabafo, termino desejando um excelente final de semana pra Você!

bjnhs

Cris Medeiros disse...

Que bom que vc trabalha em algo que gosta... Eu nunca soube o que foi isso! Vim de uma família muito pobre e trabalho significava ter o básico pra viver, então já comecei em empregos muito chatos...

Hoje em dia sou funcionária pública, num ramo que nunca sonhei, mas sempre digo que gosto do meu emprego, só não curto muito o trabalho que realizo, mas gosto do local onde trabalho, das pessoas e tudo mais. Não trocaria o que tenho hoje por pouca coisa...

Beijocas

lpzinho disse...

Não acredito que Vc postou isso!!

Eu não creio!! o_O
Sabe, amiga querida.. querida, alta e preciosa, eu sempre falei nisso, nesta diferença entre uma coisa e outra nas minhas aulas e em conversas com amigas, amigos...
Acho tão complicado isso, das pessoas confundirem trabalho com emprego. E nem vou escrever mto aqui pq teu post é perfeito demais em tds os sentidos, inclusive por eu me sentir simplesmente mto em sintonia com vc!!
Minha vida inteira me orgulho de sempre ter trabalhado, de amar trabalhar e de jamais ter me rendido a empregos, mesmo qdo em alguns momentos trabalhei como funcionário!!!
Emprego é para acomodados! Trabalho é pra construir, elevar, crescer e ser útil!
Amiga.... como faço pra te dizer eu te adoro e vc ouvir ai em cima??
Bjokinhas!!!

Taw disse...

trabalhar é muito prazeroso!!! Não sei o que é trabalhar com que não se gosta e espero nunca saber!

hum... independência... tenho vários [pré(?)]conceitos sobre isso... acho que o equilíbrio é sempre interessante...

acredito que todo trabalho sempre dá resultado, ainda que não seja aparente ou concreto, por isso, nem me preocupo com os "espertos". Faço o meu, como se estivesse trabalhando pro próprio DEUS.

xD

:-P

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