sexta-feira, 26 de setembro de 2008

PRIMEIROS PASSOS

Ele cresceu ouvindo que não seria nada nem ninguém. Acreditou. Durante muito tempo ria de si mesmo, se dizendo louco com certa graça. Todos achavam que brincava, mas ao mesmo tempo estranhavam ver um rapaz tão inteligente perdendo tempo com bobagens. Não parava em nenhum emprego por mais de um ano. Desistira de três faculdades, pois se convencera de que um “Zé Ninguém” como ele jamais terminaria qualquer coisa. Além do mais, como ser capaz de enfrentar provas, professores, seminários, formatura? Isso estava além de suas forças. Com o tempo foi se acomodando na vida. Trabalhava aqui e acolá, descolava uns trocados que mal davam para suas necessidades básicas, se vestia com as mesmas roupas há anos o que lhe dava uma aparência desleixada. Mas para que se preocupar com aparência? Acreditava que era um “nada” e assim nada lhe importava. Os anos passavam e ele agora já não achava tanta graça assim. Fazia um esforço tremendo para ter amigos, ser querido. Conhecia tanta gente que fazia o mesmo, por que não? Um dia acordou estranho. E cortou o cordão umbilical que o prendia num mundo que não queria mais pra si. Saiu pra rua, viu a chuva cair de mansinho sobre seu corpo e sentiu o frio arrepiar sua pele. Estava vivo. Agora sabia disso. Hora de caminhar, um passo de cada vez. Como? Vivendo. Esse era o segredo que até então não quisera desvendar.

5 comentários:

Beto Canales disse...

Tá digno de ter outros passos.

Cheguei aqui através do Robson.

Legal.

O Profeta disse...

Olhos brilhantes maré tardia
Cabelos rebeldes em desalinho
Pés descalços no, frio barro
Um berlinde atirado ao caminho

Um bando de alegres pardais
Ou um domador de tempestades
Apenas um pássaro charlatão
Dividindo o pão em metades


Vem mergulhar nas águas do sonho de capitão do Calhau


Bom fim de semana



Mágico beijo

Vero Kraemer disse...

Carla, tenho vindo sempre por aqui!!!
AMO seus textos, mais uma vez, parabéns, e muita sorte!!!!
Beijos no coração
Vero:)

Michelle Dangeli disse...

Prova clara que nós temos que nos permitir viver, apesar dos obstáculos, amar a vida é sempre a melhor saída. E claro, tudo isso se existir amor próprio, né? Abração.

Felipe Lima disse...

Engraçado, mas a chuva sempre me traz essa percepção de que eu estou vivo e preciso seguir adiante de maneira que valha a pena. Gostei muito da historinha.

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